Nessa edição: respondendo perguntas de uma pessoa que anda pensando em empreender.

“Coragem é ir com medo.”

Rafa Cappai

Uma aspirante a empreendedora me escreveu — e as perguntas dela talvez sejam as suas também.

Há um tempo, recebi uma mensagem no meu inbox de uma criativa que anda pensando em empreender… ela me fez algumas perguntas que estão rondando sua cachola sobre sua decisão. Palavras dela:

Sou uma aspirante a empreendedora de Belo Horizonte/MG que quer inspiração para criar seu próprio negócio para ter mais autonomia e poder de decisão da sua própria vida. Para atingir esse objetivo, tive a ideia de entrar em contato com quem já está nesse universo para aprender com sua jornada com as perguntas abaixo. Topa me ajudar nessa?

Como achei as perguntas ótimas (e meio fora da caixa), decidi respondê-las por aqui, em mais uma edição do já famoso ‘Rafa Responde’. Vai que ajudam outras pessoas que estão no mesmo momento, querendo reunir coragem pra começar nessa jornada do empreendedorismo criativo.

Então, vamos lá:

  1. Como você aprendeu a ser uma pessoa disciplinada, focada e constante para seu negócio prosperar de forma saudável?

    Acho que não teve um só momento, eu fui melhorando em degraus e ainda continuo… nos últimos anos, por exemplo, me vejo ainda melhor profissional do que já fui (com novos desafios, claro). Seu eu fosse falar de um só, seria quando me mudei pra Londres e comecei a aprender ferramentas de gestão ágil, começando pelo kanban. As entregas do mestrado me obrigaram a ser mais produtiva e isso me testou pro empreendedorismo (que já estava em curso). Mas acho importante sua pergunta, pois vejo muita gente pensando em empreender que nunca colocou a cara no fogo, sabe? Quer empreender? Comece com um projeto criativo, com início, meio e fim. Teste sua capacidade de se manter motivada no longo prazo. Não dá pra correr uma maratona antes de correr os cinco km.

  2. Pode compartilhar comigo qual foi o evento/momento que você decidiu investir no seu negócio?

    Foi por volta de 2004 quando percebi que, se eu quisesse trabalhar mais como artista/criativa, precisaria empreender minha própria carreira Eu sentia falta de autonomia e de fazer mais coisas, pois ficava sempre à mercê de testes e oportunidades que viriam de outras pessoas. Ou trabalhava menos do que gostaria ou era “obrigada” a fazer coisas que eu não curtia tanto. Foi ali que resolvi empreender minha primeira empresa, de produção e gestão cultural e acho que veio por necessidade de liberdade e autonomia, apesar de ali eu ainda ter uma visão muito romântica sobre isso (acho que todos tínhamos, né!).

  3. Quais são os valores inegociáveis do seu negócio?

    Criatividade, colaboração, sustentabilidade, empatia, autonomia, adaptabilidade, critério, aprendizado constante.

  4. Quais são as desvantagens de ser uma pessoa empreendedora?

    A principal, pra mim, é o peso de ter que pagar suas próprias contas e fazer as coisas acontecerem pra que isso se realize. A mesma autonomia, que traz um tantão de benefícios, também pode pesar bastante. Nos últimos anos até flertei com a possibilidade de voltar pro mercado de trabalho e desisti quando percebi que perderia isso. Mas não é fácil. Esse peso sinto todo dia: o fluxo de caixa tá baixo? A responsabilidade é minha!

  5. O que você teve que abrir mão/deixar ir para empreender conforme a sua vontade?

    Medo do julgamento, acho que é o maior deles. Não ter vergonha de parecer cringe aos olhos dos outros. Não “controlar” o que pensam da gente (nunca controlamos mesmo). Colocar a cara à tapa e ficar mais confortável com a ambiguidade de percepções ao seu respeito. O empreendedorismo, especialmente no meu caso, que vem acompanhado da Internet e da exposição, me fizeram reconhecer que vai ter sempre alguém pensando alguma coisa sobre mim e isso não se controla. O que controlo é o que eu mesma penso sobre mim e como anda minha própria autoestima criativa. Quão orgulhosa estou do meu trabalho, se ele está caminhando na direção que eu desejo! Hoje, isso é o mais importante pra mim.

  6. Quem são suas referências/inspirações de pessoas empreendedoras?

    Acho que minha maior referência é mesmo o meu pai, que tem uma capacidade ímpar de fazer coisas acontecerem, até hoje, aos 82 anos. No geral, admiro pessoas criativas, autônomas, que pensam por si mesmas e que conseguem reunir recursos (não só financeiros), mesmo quando achavam que não os tinham.

  7. Se pudesse voltar no início na sua jornada empreendedora, qual dica daria para você quando estava no início do seu negócio?

    Não se descole da sua essência e daquilo que é importante pra você. Mantenha-se conectada à sua identidade criativa, custe o que custar. Abra mão do que não é tão essencial, mas sua essência, não negocie.

  8. Atualmente qual é o maior problema/dificuldade do seu negócio que nenhum recurso disponível consegue te atender bem?

    Acho que continua sendo a gestão de pessoas, mesmo com um time bem menor do que já tive. Como crescer mantendo a equipe relativamente pequena, essa é uma pergunta que me faço todo dia.

Um beijo e coragem!
Rafa Cappai

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