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Um exercício prático diferente para planejar o que a gente deseja, de fato, de dentro pra fora.

O que a gente quer, quer a gente de volta.

Nessa edição, em 5 minutos: um jeito diferente de pensar em metas criativas + um exercício prático e potente pra ir mais fundo em quem a gente é e o que deseja, de fato.

Você se lembra quem você era antes do mundo te dizer quem você deveria ser?”

Danielle Laporte

Já se pegou olhando pra quem você se tornou e percebeu que muito do que você é, talvez não tenha vindo, de fato, de você (acontece com todo mundo!)? Ou então, já foi fazer uma lista de desejos e teve a sensação de que ela representava muito pouco do que você realmente queria, aí, no centrinho da sua essência?

Tipo “tenho o sonho de estudar medicina”, quando na real o que você queria mesmo era ser musicista? Ou então, “tenho o sonho de ser mãe,” mas nunca se perguntou, de fato, se aquele sonho foi herdado ou sonhado mesmo? Ou ainda, “quero trabalhar numa grande empresa”, mas na real o que você queria mesmo era estar com a mão na terra molhada, sentindo o vento e o sol na cara, plantando frutas e verduras no campo? Que fique claro: não há nada de errado com nenhum desses sonhos, viu? E tudo bem também cair nessas armadilhas, eu mesmo já tombei pra muitas delas… mas, acredite, nunca é tarde pra voltar pra gente mesmo!

E aqui eu tô falando de sonhos grandes, gigantes, que têm o poder de mudar o rumo das nossas vidas. Mas e aquelas coisas menores, que parecem sem importância, que fazemos meio no automático e que, quando a gente repara, nem partem, de fato, quem a gente é? Essas também, no longo prazo, podem mudar uma vida. Tanto pra nos afastar de quem a gente é, quanto pra nos aproximar…

Eu costumo brincar que, se você quer ser uma pessoa diferente, comece por trocar a cor do esmalte que você usa (se você usar, claro). Ou comece a deixar o cabelo branco aparecer (se isso for um desejo), mesmo quando o mundo te diz pra não fazer isso.

Pode parecer que não, mas essas pequenas ações do dia a dia, quando acumuladas, também têm o potencial de mudar uma pessoa inteira: pegue um caminho diferente pro trabalho, escolha um prato diferente daquele que você escolheria sempre, se abra pra um perfil de filme que você nunca veria, estude assuntos que nunca passariam pelo seu radar. E daí, a mágica acontece. Já pensou nisso: se a gente tomasse pequenas decisões de forma deliberada, respeitando quem somos, quem seríamos, de fato?

"Você sempre será algo demais para alguém: muito grande, muito barulhenta, muito suave, muito nervosa. Se você arredondar suas bordas, perderá a si mesma. Peça desculpas pelos erros. Peça desculpas por machucar alguém involuntariamente - profusamente. Mas não se desculpe por ser quem você é". ~ Danielle Laporte 

Pois bem. A prática que eu trago hoje nos ajuda a fazer exatamente isso. Ela é o antídoto pra esses sonhos que são implantados na nossa cabeça, antes mesmo de que a gente se dê conta. E pode ser exatamente o que a gente precisa quando resolve ir, de fato, na essência, pra se conectar com quem somos.

Eu conheci o trabalho da Danielle Laporte lá em 2013 e foi ela quem me direcionou também pro trabalho da Marie Forleo… duas mulheres que transformaram a minha vida… E, ela inventou essa metodologia que, ao invés de definir metas baseadas em conquistas externas, nos incentiva a identifir os sentimentos que queremos vivenciar diariamente. E eu sempre volto pra esse exercício, em momentos de virada na minha vida.

Essa abordagem é também centrada na ideia de que alcançar metas externas sem considerar como nos sentimos no processo pode levar a uma sensação de insatisfação, mesmo após alcançar o sucesso. Você batalha um bocado pra fazer algo e quando chega lá rola aquele vazio… quem nunca? Ao identificar e priorizar os sentimentos que realmente importam, enquanto estamos no processo, vivemos de maneira mais alinhadas com a nossa verdadeira essência em busca de uma vida mais significativa e gratificante.

Essa sou eu, fazendo o exercício na virada de 2013 para 2014.

Animada com o ano que estava por vir…

Vamos usar como exemplo o sonho criativo de escrever um livro. E duas opções que se apresentam pra gente:

Na opção 1, você define que quer escrever um livro. E começa a se organizar pra fazer isso acontecer. Você estabelece uma meta meio louca pra si mesma, de fazer isso em 90 dias, porque, afinal, a meta importa! Você percebe que precisa parar de sair com os amigos, diminui o exercício físico, começa a se alimentar mal… tudo porque a meta passa a ser a coisa mais importante. Você está tão fissurada no que estabeleceu pra si mesma, que começa a se maltratar no processo. Você entrega o livro no prazo mas, ao final, está se sentindo um caco e vai precisar dos mesmos 90 dias pra catar os pedacinhos que ficaram pelo chão. Aquele resultado, que era tão importante, ficou com um gostinho amargo na boca.

Na opção 2, você reconhece que quer escrever um livro e identifica que os sentimentos essenciais que estão por trás desse sonho é se sentir criativa, potente e realizada. Você estabelece uma meta que te permite entregar um cadinho por dia, mas, ainda sim, manter outras coisas que colaboram com esses sentimentos: o café da manhã nutritivo, as caminhadas no parque com as cachorras, a aula de yoga no final do dia, um dia da semana, pelo menos, pra curtir o maridão! Você acomoda o projeto, mas não muda radicalmente a meneira que vive. Você, diriamente, estabelece sua bolha criativa e senta pra criar. Você se sente bem, criativa e potente (na maioria das vezes), enquanto está escrevendo. Pode ser que demore o dobro do tempo, ou até mais, mas você não perdeu suas bordas enquanto estava escrevendo. Ao final, você, de fato, se sente criativa, potente e realizada!

E, claro, né? Eu não tô dizendo que a segunda opção não tem perrengue. E nem que a primeira não tem prazer nenhum… esses são exemplos pedagógicos, porque na vida a coisa acontece de um jeito diferente… mas o gerúndio, o tal “fazendo’, mudou radicalmente, porque o processo passa a ser mais importante do que a entrega. E eu não tenho pressa de chegar no meu destino. Porque, enquanto caminho, estou sendo quem desejo ser e não há porque fugir, entende?

A pergunta-chave é: como eu quero me sentir? Palavras de Danielle: “o que você faria para se sentir exatamente como quer se sentir, hoje?”

Na prática: esqueça o que você quer! E comece a pensar no sentimento que está por trás da coisa em si! Aí, sim, vá atrás do que você quer, se isso continuar fazendo sentido, mas agora com mais potência, já que você sabe, de verdade, o que aquilo significa pra você. Que sentimento essencial está por trás da meta.

Daí, depois que você chega nos sentimentos de fato, a pergunta mais importante é: como eu já posso me sentir assim, hoje, no presente? Antes mesmo de ter conquistado meu sonho? Existe um jeito de já me sentir assim, agora mesmo?

Por exemplo:

A coisa

O sentimento que a coisa desperta

Na vida prática

Ter um Jeep.

Quero me sentir avetureira e em segurança, ao mesmo tempo.  

Como posso me sentir assim, hoje, antes mesmo de conquistar o carro?

Comprar minha casa própria.

Quero me sentir segura de ter meu próprio espaço e, ao mesmo tempo, representada nele.

Como posso me sentir assim, hoje, mesmo na casa alugada?

Abrir meu negócio.

Quero me sentir potente, autônoma e livre.

Como posso me sentir assim, hoje, enquanto corro atrás pra concretizar?

Fazer uma viagem pra Europa.

Quero me sentir alimentada de cultura.

Como posso me sentir assim, hoje, passeando pela minha própria cidade?

Conhecer a Amazônia.

Quero me sentir conectada à natureza e à fonte.

Como posso me sentir assim, hoje, visitando o parque mais próximo?

Conhecer alguém especial.

Quero me sentir amada.

Como posso me sentir amada por mim mesma, hoje, no presente??

Juro, é transformador!

Alguns pontos importantes:

  • Uma vez identificados, esses sentimentos servem como guias para nos ajudar a tomar decisões, definir metas e avaliar o nosso progresso, alinhados com quem somos.

  • Eles são pessoais e únicos para cada indivíduo, refletindo suas aspirações mais profundas e autênticas.

  • Eles nunca devem ser julgados, nem por nós mesmos, nem pelos outros. Só a gente sabe como quer se sentir.

  • Para identificar os Core Desired Feelings, há uma série de exercícios reflexivos, como visualizações, meditações e questionamentos profundos. Aqui vamos fazer apenas uma partezinha dessas práticas.

  • Os sentimentos de cada pessoa podem evoluir ao longo do tempo à medida que mudamos e crescemos, refletindo nossas mudanças de prioridades e aspirações. 

Alguns dos benefícios desse exercício são:

  • Te mostrar os seus desejos reais, do coração.

  • Usar seus sentimentos desejados como um sistema de orientação pra a tomada de decisões.

  • Usar seus sentimentos desejados como uma maneira de ter conforto e entendimento em momentos difíceis.

  • Acentuar e honrar os aspectos positivos de sua vida, sem invalidar ou diminuir os seus desejos.

  • Planejar o seu dia, sua semana, seu mês, o seu ano...

  • Ter motivação intrínseca para correr atrás dos seus sonhos!

  • Deixar a jornada de busca dos sonhos mais prazerosa.

  • Autoconhecimento criativo-prático que é o que a gente ama!

Então, vamos de passo a passo?

Mas antes: durante meus anos praticando essa ferramenta eu percebi que existem dois jeitos de fazer esse exercício. Há o jeito que a Danielle sugere, que é tentar se conectar com as palavras e sentimentos diretamente. E há um outro jeito, mais direto ao ponto, que é fazer a lista padrãozinho de coisas que queremos, e descobrir os sentimentos por trás delas. Eu percebi que a primeira opção, às vezes, fica vaga demais pra algumas pessoas… Se você quiser seguir a versão oficial, completona, ela tem o livro.

Então, vamos lá: um passo a passo prático para planejar o que a gente deseja, de fato, de dentro pra fora!  

  1. Reserve um tempo para reflexão e autoconhecimento. Coloque uma música gostosa na vitrola, passe um café ou chá e fique alguns momentos em meditação.

  2. Faça perguntas profundas a si mesma, como "Como eu quero me sentir na vida cotidiana?", "Quais sentimentos são mais importantes para mim?".

  3. Pegue papel e caneta e comece a fazer o download de todas as suas metas e vontades na vida. Tudo que aparecer vai pro papel: escrever livro, emagrecer, aprender a dançar, conhecer alguém legal, etc.

  4. Agora, numa segunda coluna, tente desvendar os sentimentos que estão por trás de cada um desses sonhos: realizada, abastecida, potente, criativa, etc. Não há limite para o número de sentimentos que você pode listar, mas concentre-se naqueles que ressoam mais profundamente com você.

  5. Revise sua lista de sentimentos e selecione os principais que são mais significativos e essenciais para você. Considere quais sentimentos são fundamentais para sua felicidade e bem-estar, e priorize-os.

  6. Junte dois ou três parecidos e dê o nome que fizer mais sentido: Por exemplo: realizada, empoderada e potente, podem virar apenas potente, que tem mais a ver com você. Chegue nos 5 ou 6 mais importantes.

  7. Descreva cada sentimento escolhido de forma clara e detalhada. Explore o que cada sentimento significa para você pessoalmente e como ele se manifesta em sua vida diária. Por exemplo: Criativa significa que eu sinto que estou criando coisas que me alimentam a alma. Potente, significa que me sinto forte e capaz de lidar com a vida…

  8. Visualize como seria sua vida se você estivesse vivenciando esses sentimentos essenciais regularmente. Identifique áreas específicas da sua vida, como relacionamentos, carreira, saúde, onde você pode incorporar esses sentimentos.

  9. Faça um compromisso consigo mesma para priorizar e buscar ativamente esses sentimentos em sua vida cotidiana. Inclusive, coloque os sentimentos em lugares que você verá sempre, como a imagem do seu desktop ou celular.

  10. Volte nas metas e continue batalhando pra realizar seus sonhos, mas agora de maneira mais presente e alinhada consigo mesma.

  11. Regularmente, reveja seus Core Desired Feelings e suas metas para garantir que eles ainda estejam alinhados com suas aspirações e evolução pessoal. Esteja aberta a ajustar ou adicionar novos sentimentos conforme necessário, ao longo do tempo.

A tela do meu celular no mesmo ano…

Enfim, eu acredito que saber exatamente como a gente gostaria de se sentir é uma das bússolas mais potentes que existem. Uma raiz forte que te permite crescer na direção do seu próprio sol.

Espero que você consiga priorizar um tempinho aí esse fds pra colocar esse exercício em prática! E vem cá nos comentários me contar o que achou. Simbora continuar esse nosso exercício de sobrevivência: ser cada vez mais quem somos! Conta comigo pra te ajudar nessa tarefa!

Avante!

Psiu 1: me conta o que achou dessa edição? Tô no início desse processo, reencontrando minha voz e brincando com formatos,… então é super importante saber…

O que achou dessa edição?

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Psiu 2: você pode me escrever de volta ou deixar seu comentário na versão web.

Torcendo daqui pra que essa prática te ajude a chegar mais fundo em quem você é e o que deseja! <3

Beijos,

Rafaela Cappai

Imagem da capa por Karthik Srinivas.

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