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Pensamento criativo: uma via potente para o protagonismo pessoal.

13 ferramentas criativas que fazem parte do meu arsenal.

Nessa edição: o que é o pensamento criativo + porquê ele é importante + 13 ferramentas pra colocar em prática.

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Criatividade não é um dom.
É uma forma de operar.

John Cleese

Nos últimos meses, tenho buscado ampliar o escopo do meu trabalho, desenvolvendo um repertório de palestras e workshops que podem servir também a empresas e seus colaboradores (e não apenas empreendedores criativos, como já faço há mais de 10 anos).

Tive uma grata surpresa, ontem, quando entreguei um treinamento de duas horas para 600 pessoas, na Vivo, no Vivo Explore, um programa que fala das habilidades profissionais do futuro (se você estava lá, me dá um alou nos comentários). Spoiler alert: o pensamento criativo está, há anos, entre as mais importantes dessas habilidades. Contei sobre como foi essa manhnã no Instagram.

À medida que o mundo se torna mais volátil, incerto, complexo e ambíguo (o famoso mundo VUCA), o pensamento criativo é, cada vez mais, reconhecido como uma ferramenta essencial para navegar esse mar de incertezas que nos cercam. Isso sem nem falar da história das IA’s (que também dá pano pra manga). Pessoas que pensam criativamente tendem a lidar melhor com ambiguidades, incentezas e a se adaptar mais rapidamente e melhor às mudanças. E isso é extremamente importante, tanto para profissionais do mercado, quanto empreendedores criativos.

Então, hoje, quero trazer aqui esse papo e te mostrar como você já tem aí dentro a habilidade de pensar criativamente e resolver os desafios que possam estar pinados na sua cachola. E, de quebra, te entregar 13 ferramentas de pensamento criativo que me servem diariamente para encontrar soluções pros problemas e criar coisas legais.

Mas, vamos começar pelo começo? O que é exatamente o pensamento criativo?

Gosto de pensar que, na prática, o pensamento criativo vai além de simplesmente ter ideias inovadoras - ele é um comportamento, uma atitude diante da vida, uma forma de operar, que nos ajuda a quebrar padrões repetitivos e abraçar novas perspectivas.

É um jeito de encarar a vida, uma espécie de flexibilidade cognitiva ou mindset fluido ou de crescimento. Uma capacidade de imaginar, enxergar nas entrelinhas, encontrar e conectar ideias, se responsabilizar por achar soluções. E nosso trabalho precisa ser transformar essa habilidade humana em comportamento. Algo que a gente faz tanto, mas tanto que, em algum momento, vira hábito, uma segunda pele.

E, daí, o pensamento criativo ganha uma outra camada… Ele passa a ser um grande aliado no nosso protagonismo pessoal. Nossa capacidade de moldar a nós mesmos e o nosso entorno. E nos ajuda a nos desenvolver e deixar nossa marquinha no mini-mundo que nos cerca!

Eu sei que eu sou suspeita, mas desconheço uma área de conhecimento que é tão democrática e que é capaz de entregar tanto em retorno. Quando a gente “mexe” na nossa autoestima e capacidade criativas, toca também em outras áreas da vida. O ROI da criatividade é gigante!

O maior desafio ao pensamento criativo.

Então, se a criatividade é tão bacana e entrega tanto, por que não saímos todos pelo mundo afora sendo extremamente criativos e pensando criativamente? Porque esbarramos no maior desafio à criatividade e ao pensamento criativo que é a dúvida interna. Parece simplista, eu sei, mas nosso maior obstáculo para sermos mais criativos é não acreditar que somos. Louco, né? Tem a ver com a tal confiança criativa (ou a falta dela), tão lindamente descrita por Tom e David Kelley no livro homônimo.

“Confiança criativa tem a ver com acreditar na sua habilidade de transformar o mundo ao seu redor.”

Tom e David Kelley

A boa notícia: mude a forma como pensa sobre si mesmo e já será mais criativo. Má notícia: dá um trabalho danado mergulhar no trem do autoconhecimento e investigar nossas crenças sobre nós mesmos e nossa criatividade!

Mas isso não significa que não você não pode começar a praticar as ferramentas criativas hoje mesmo. Porque esse trabalho pode ser feito de dentro pra fora (mudando as crenças primeiro), mas pode ser também de fora pra dentro, no clássico aparenta enquanto tenta, usando as ferramentas e se maravilhando com sua inata capacidade de criar e pensar criativamente. O que terá impacto direto nas suas crenças também!

Então, hoje, quero compartilhar com você as 13 ferramentas mais comuns no meu arsenal de pensamento criativo. Aquelas que uso sempre e que funcionam pra mim. Minha sugestão? Que você comece a sua própria coleção. Que, ao experimentar, descubra as ferramentas que mais ativam a sua criatividade e te permitem chegar em novos lugares de pensamento.

Minha coleção de ferramentas criativas:

  1. Mudança de contexto: se tem uma coisa que aguça o meu bichinho criativo é mudar de contexto e observar aquela ideia ou desafio por um novo ângulo. Faço isso o tempo todo, seja mudando dos post-its analógicos pro mind mapping digital ou trabalhando de casa e depois indo pra um café. Ou ainda, indo de Beagá pra São Paulo, constantemente ou até trocando a escrita pela dança quando as coisas parecem não fluir. Mudar de contexto ajuda a ativar o botão do insight. E eu o aperto, deliberadamente, o tempo todo.

  2. Ativação inconsciente deliberada: o que me leva à ativação deliberada do modo inconsciente do meu cérebro, que é quando as sinapses pegam fogo. Já reparou como temos estalos quando tomamos um banho, ou quando estamos caminhando? Ou ainda quando estamos quase pegando no sono? Isso não é à toa. É o momento em que a gente incuba um problema e muda do modo consciente pro inconsciente, pra que o nosso cérebro faça o trabalho de conexões. O que faço é incluir esses hábitos na minha rotina, consistentemente. Travou? Deu branco? Vá caminhar, tome um banho, tire uma soneca e se desconecte do problema por um tempo.

  3. Pensar com a caixa: todo mundo adora falar que precisamos pensar fora da caixa, mas explicar como, que é bom, pouca gente explica. Esse jargão ficou tão batido, mas tão batido, que passou a prejudicar nossa criatividade ao invés de colaborar. Como pensar fora da caixa se eu nem sei qual é o tamanho da caixa? Pensar fora da caixa? Putz, já tô imaginando a caixa. Eu prefiro pensar com a caixa. Trabalhando com as limitações que me são entregues pela realidade (e ela faz isso com maestria!), ou impondo limitações que fazem com que a minha criatividade queira sair da cixa. Na prática: ‘desenhar uma natureza morta com apenas uma cor’, ‘escrever 30 dias sobre o mesmo tema’ (quem aí é do tempo do 30 ideias, 30 dias?), ou fazer um filme com baixo orçamento. E se eu criasse um curso online com aulas de até 1 minuto? Como faço a limitação se transformar em benefício criativo? Essa é a pergunta!

  4. Explicar em metáforas: quem me acompanha sabe que meu tesão criativo é encontrar metáforas potentes para explicar conceitos. Essa ferramenta vem da minha história como artista e sensibilidade poética. E isso me ajuda a simplificar conceitos e explicá-los com poucas palavras, de um jeito emocional e impactante. Como você pode explicar o que faz com metáforas? Como um novo projeto pode ganhar o mundo a partir de uma potente metáfora?

  5. Explicar pra sua avó: na mesma linha, vem essa ferramenta que nos ajuda a sair do caos criativo prolixo e nos obriga a chegar na base dos conceitos. Pessoas criativas tendem a ver conexões em tudo e isso acaba complicando um pouco nossa comunicação com o mundo externo, quando a gente decide vomitar todos eles de uma vez só no colo de quem nos escuta (um cliente, um parceiro, um chefe). Que tal se, da próxima vez, você simplificasse de um jeito que uma avó ou criança entenderia?

  6. Dividir em etapas: dividir ideias ou projetos complexos em etapas nos ajuda, não só a entender melhor cada uma das partes (o que também ajuda a entender o todo), como também facilita a sua tangibilização no mundo, porque torna cada pequena parte mais facilmente executável no mundo real. Use essa ferramenta especialmente no final de processos criativos pra conseguir transformar ideias em realidade.

  7. Descarrego de ideias: o famoso brain dumping, que é quando a gente tira todas as ideias da cachola e bota num papel. Esse ato nos ajuda a fazer um reset no cérebro e dá um alívio danado. Faço isso antes de começara uma semana, no início de um projeto ou simplesmente quando estou me sentindo cognitivamente bloqueada. Melhor ainda, quando uso post-its, mas funciona bem também numa notinha do seu celular.

  8. Visão de drone: que é quando, deliberadamente, observamos um desafio, projeto ou ideia de cima, de forma mais estratégica. A gente faz um zoom out (a técnica também é conhecida assim) e amplia a perspectiva para além do problema em si. Adoro fazer isso sentada no chão, com uma boa cartolina, canetinhas coloridas e, claro, post-its.

Com meu querido amigo e parceiro criativo Heitor Sbampato, numa dessas sessões.
Foto de Renan Diegues.

  1. Pratique o e se…: e deixe o balãozinho da imaginação subir, sem se preocupar, num primeiro momento, em como fazer ele voltar. É aqui que a gente convida o lúdico pro jogo e se permite imaginar cenários, sem se preocupar com a realidade. Isso fica pra depois no processo criativo. E se eu escrevesse um livro apenas com imagens? E se eu dançasse de olhos fechados? E se esse projeto tivesse orçamento ilimitado?

  2. Orgia de ideias: como boa multipotencial que sou, essa não poderia ficar de fora. Que é quando a gente se propõe a misturar ideias que, a princípio, podem parecer distintas. Ou simplesmente misturar várias ideias em uma só e ver que bicho nasce. E se arte e negócios, pudessem se misturar, no que daria? Se skate e surf saíssem pra jantar, do que falariam? E se crianças de creches e idosos de asilos passassem um tempo juntos, o que poderia nascer dessa relação?

  3. Cocriação e colaboração: que é o simples fato de abrir sua ideia para que outras pessoas opinem, pitaquem e até colaborem. Faço isso, o tempo todo, seja trocando com minhas alunas e outras pessoas criativas ou simplesmente jogando ideias pro mundo, pra ver quem se conecta com elas. Com a Internet, esse processo ficou mega facilitado. Uma caixinha aberta no Instagram ou um almoço com colegas de trabalho já podem ajudar sua ideia a chegar em melhores lugares.

  4. Repetição: também conhecida no mundo da inovação por iteração que é quando a gente repete tantas vezes a mesma coisa até encontrar uma versão melhor. Porque venho do teatro e da dança, essa estratégia é uma segunda natureza pra mim. Imagina que numa peça de teatro, depois de pronta, a gente vai repetindo, ensaiando, diariamente, até ir encontrando os problemas, os desafios criativos, aquilo que não tá fazendo sentido e que pode ser melhorado. Quem escreve e edita o próprio texto também está bem familiarizado com essa estratégia. Na dúvida do que fazer com sua obra criativa? Repita, que o próprio ato da repetição vai te mostrar novos e melhores caminhos!

  5. Encontro com o artista: essa ferramenta peguei emprestado com Julia Cameron que é, simplesmente, você tirar um dia (mas pode ser uma tarde) para se lambuzar de inspirtação criativa. Se levar pra ir ao teatro, a uma exposicão, um show, passer por uma área criativa da cidade. Essa ferramenta é bem útil no momento inicial do processo criativo, mas serve a todo momento, para ampliar repertório.

Psiu: se você trabalha numa pequena, média ou grande empresa e quer minha ajuda para chacoalhar o coreto e injetar um monte de criatividade na sua galera, me chama para uma palestra ou workshop! Vou adorar contribuir para o protagonismo criativo do pessoal e transformação criativa do seu rolê! É só responder esse e-mail!
 
Continue criando!
Rafaela Cappai

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