• Rafa Cappai
  • Posts
  • Como desempacar qualquer projeto criativo.

Como desempacar qualquer projeto criativo.

E vencer o perfeccionismo e a paralisia da análise.

Nessa edição, em 4 minutos: o que eu gostaria que tivessem me contado sobre projetos bloqueados + pequeno guia com 7 lembretes (+ 1 extra) pra desbloquear.

Nessa edição (clique pra ir direto):

Se você passar muito tempo pensando em uma ideia, nunca vai fazê-la acontecer.

Bruce Lee

Nas últimas semanas, você me ouviu falar bastante aqui sobre como, nos últimos dois anos (com o meu projeto Átomo), eu mergulhei no tal pântano lamacento dos projetos criativos… esse lugar que reúne, ao mesmo tempo, uma baita vontade de criar, com uma enorme incapacidade de se movimentar. Um pântano, cheio de jacarés e outros inimigos invisíveis, mas que, invariavelmente, queremos atravessar.

Agora, com o projeto no mundo caminhando, eu queria te contar o que esse processo (e tantos outros bloqueios) me ensinaram ao longo dos anos. Até, porque, não é de hoje que pesquiso sobre esse tema, vivo isso na minha própria pele, vejo-o acontecendo na vida das minhas alunas e, claro, falo sobre isso.

Essa semana mesmo enviei esse áudio para uma mentoranda que está vivendo esse processo…

E me lembrei desse vídeo é de 2014, pensa bem!

Porque funciona, mais ou menos assim…

Você tem um sonho criativo na cachola (um negócio, um projeto, um livro, um hobby, uma nova formação, um novo passo importante pra sua carreira…) e você começa a introjetar a ideia de que quer colocar isso no mundo, fazê-la acontecer.

Sim, já no primeiro momento, o seu cérebro ativa essa maravilhosa função que vem de fábrica: pensar na ideia. E começa a imaginar como fazer isso acontecer. E dar certo. “Afinal de contas, não basta acontecer, tem que dar certo, né?”, ele adiciona.

Seu cérebro dispara a pensar em tudo, quase que automaticamente: o que é preciso fazer? Como fazer? O que não fazer? Quando fazer? O que falta? O que você tem? Quais são os riscos? Quais são suas recompensas? Como essa ideia deve ganhar o mundo? Qual é o formato?

Lá dentro, na sua cachola, ela tem essa luz radiante, uma aura especial, porque nasce de um pedacinho importante de você. Não é qualquer ideia. É AQUELA ideia. Aquela que tem potencial de te transformar, de te levar mais perto da pessoa que você quer ser. Daí você diz: “caramba, essa ideia é perfeita!”

Na semana seguinte, você continua a pensar na ideia, pois ela também continua pipocando aí dentro do seu cérebro, nas horas mais estranhas: no banho, no ônibus, na hora de dormir, na caminhada… e lá vai seu cérebro (e seus maravilhosos neurônios), novamente, pensar na ideia.

Afinal de contas, “essa ideia é perfeita… ela, de fato, precisa de muito pensamento! Pensar é bom, pensar ajuda a fazer dar certo, né?”

Quando você bota reparo, já se passaram semanas. Quiçá meses… anos, talvez? E você continua - diligentemente - pensando na ideia. Se tem uma coisa que você foi, é consistente, mas só no seu pensamento. Você pensa muito! Pensa bastante! Porque quer evitar os riscos, né? E quer que as coisas deem certo, né? E isso é bom, não é?, você continua a se indagar.

Pois é, sem nem reparar, você oficialmente entrou no perigoso portal da estagnação, onde, de tanto pensar, você já não consegue fazer escolhas. E, o mais importante, não consegue se movimentar.

Numa espécie de congelamento, você trava completamente e tem muita dificuldade de dar o próximo passo, até porque, a ação, nesse ponto do jogo, precisa ser muito especial e perfeita pra dar certo, né?

"Ideias perfeitas precisam de ações perfeitas", você pensa.

E, de tanto pensar, você fez a ideia ganhar um status que a coloca numa espécie de pedestal, difícil de alcançar. Precisa ter muita certeza pra fazer dar certo. E como resultado, você perde completamente sua capacidade de discernimento. Você já não sabe mais o que fazer. Já não tem coragem de se movimentar. E até duvida de que a ideia seja mesmo boa.

Numa espécie de jogo mental, você vai e volta, milhares de vezes! Pensa em formatos, toma decisões intelectuais, discerne um bocado. Exaustivamente, drenando sua energia criativa, a força motriz de qualquer projeto.

Pois, então: todo criativo já viveu esse processo algumas vezes. A tal analysis paralysis, também conhecida por paralisia da análise...

Ou, ainda, paralisia por análise que é um termo utilizado para descrever uma situação em que uma pessoa fica incapaz de tomar decisões ou agir, devido ao excesso de análise ou sobrecarga de informações. Esse fenômeno ocorre quando a quantidade de dados disponíveis (no nosso caso, pensamento) é tão grande que o indivíduo passa tanto tempo tentando processar e compreender todas as informações, que não consegue chegar a uma conclusão ou decidir.

Pensar é bom, mas pensar demais é contraproducente pra nossa criatividade, porque engatilha o medo e alimenta a necessidade de perfeição.  

E o que fazer então, você me pergunta?

Tirar a ideia do pedestal é o primeiro passo. Até porque, ações perfeitas são escassas. Ações perfeitas paralisam! Ações perfeitas, na real, nem existem.

O segundo é e tomar ações imperfeitas, consistentemente, porque prefiro que, mesmo com medo (porque a paralisia da análise nasce também do medo), você dê pequenos passos imperfeitos, atrapalhados, falhos, sem muita certeza mesmo. Mas que você caminhe!

Comece onde você está. Use o que você tem. Faça o que você puder.”

Arthur Ashe

Então, pra te ajudar, criei um pequeno guia com 7 práticas (+ uma extra) para realizar pequenas ações imperfeitas, vamos lá!

  1. Abandonar a perfeição, você já viu, é o primeiro passo. Não importa como essa ideia apareça aí na sua cabeça, ela nunca ganhará o mundo, exatamente, da mesma maneira. A vontade de atingir a perfeição vai na contramão da vontade de fazer uma ideia existir. Precisamos decidir qual das duas queremos alimentar.  

  2. Lembrar-se de que a clareza que você busca, vem do engajamento e não do pensamento. Ou seja, você pode pensar um bocado, por meses a fio, nessa ideia ou projeto. E basta dar um passo, unzinho que seja, e você já terá mais clareza do que fazer a seguir, comparativamente. Se movimentar é o maior gerador de clareza do universo.

  3. Acreditar que pouco esforço também é esforço: então vale mais dedicar um pouquinho por dia do que abandonar o projeto completamente, porque não consegue se dedicar tanto quando gostaria. Já pensou quanto você pode avançar dedicando apenas 1 hora por dia, em 1 ano? Trezentas e sessenta e cinco horas! Cabe muito projeto criativo dentro desse tempo, acredite! Aqui, ser consistente vale mais do que ser perfeito.

  4. Saber que os projetos criativos têm vida própria me ajuda a lidar com a minha ansiedade e limitar a minha frustração. Isso não significa que eu deva ficar parada, esperando o momento perfeito, pelo contrário. Significa que continuo me movimentando, independentemente do resultado.

  5. Lembrar que delícia que é criar, que o processo de criação, em si, já pode ser nossa própria recompensa. Que delícia que é se dedicar a um projeto, vê-lo ganhar força, crescer, ganhar o mundo… foque nisso e esqueça o resto, se possível.

  6. Dividir o projeto em etapas é a mais simples e potente estratégia. Se na sua cabeça a sua ideia é grandona e isso assusta, que tal dividi-la em etapas e simplificar o processo, enganando o seu cérebro? Um livro, facilmente, pode virar 12 capítulos. Um produto começa com um protótipo. Um espetáculo pode nascer de uma cena. Um curso começa na primeira lição.

  7. E, por último, lembrar-se de que projetos bloqueados tendem a espelhar bloqueios emocionais na gente. Achar que apenas habilidades práticas vão resolver o problema é ignorar nosso maravilhoso mundo interno e inconsciente. Bloqueou? Comece a se perguntar por quê. E use as ferramentas que estiverem ao seu dispor (como meditações, práticas somáticas, terapia, escrita terapêutica, EFT…) para lidar com essa parte invisível, mas importante do trabalho.

  8. Ah, dica extra: se quiser ir ainda mais fundo pra desempacar mesmo, tenho uma aula aberta e gratuita, exatamente sobre isso!

Psiu: se você quiser minha ajuda pra desbloquear, continuo fazendo sessões individuais de mentoria! Vem conhecer!


Lembre-se: caminhar é a resposta. Se movimentar, com calma e coragem, é o que essa ideia ou projeto pedem da gente!

Beijos,

Rafaela Cappai

Reply

or to participate.