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9 tendências para criativos direto do SXSW 2024.

Pra onde vai o futuro?

Nessa edição, em 5 minutos: tendências para criativos, direto do SXSW 2024.

Mesmo um gênio não consegue resistir completamente ao seu Zeitgeist, o espírito do seu tempo.

Viktor E. Frankl

Se você me acompanha de perto, sabe que tenho um pezinho dentro d’alma e outro no mundo, equilibrando muito bem a emoção e a razão; o feminino e o masculino; o sonhar e o fazer acontecer; a criatividade e, sim, o mundo dos negócios.

E fico sempre de olho no que tá acontecendo lá fora. Meu grande barato é ser capaz de me conectar com a centelha de dentro (a da intuição, que me diz o que é importante pra mim), e a de fora, tentando entender o que anda acontecendo no mundo e como isso pode impactar a vida de pessoas criativas como a gente.

Meu trabalho é fazer a nossa vida mais fácil, mais possível e, claro, mais criativa. E isso passa, sim, por entender o espírito dos nossos tempos, o chamado Zeitgeist. Acredito que compreender o Zeitgeist permite que os artistas e criativos se envolvam de forma significativa com o mundo ao seu redor, criando obras que não apenas reflitam a época em que vivem, mas também contribuam para moldá-la e transformá-la.

O tal Zeitgeist é um termo alemão (mais conhecido pela obra de Hegel), cuja tradução significa espírito da época ou sinal dos tempos. Numa tradução mais apurada: espírito do tempo. Significa, o conjunto do clima intelectual, sociológico e cultural de uma certa época da história, ou as características genéricas de um determinado período de tempo.

E um dos melhores lugares pra se fazer isso, imersivamente, é em eventos que falam de criatividade, tendência e inovação. Uma espécie de suco concentrado de tudo o que rola no mundo e pra onde ele tá indo, seja pra gente se maravilhar ou se assustar, né?

Pois o SXSW é, notadamente, um dos festivais mundiais de criatividade mais aguardados pra isso. E muita gente curte ir até lá, no início do ano, justamente pra setar o relógio cultural e entender o tal Zeitgeist, numa tour de futurismo, regada a muita experiência, palestras, trocas, shows, festas e uns bons drinks (pra quem é de drinks).

"O South by Southwest acontece na cidade de Austin (Texas/EUA) e é um dos eventos mais importantes sobre inovações porque reune artistas, empresários, creators, especialistas em comportamento, saúde, tecnologia. São pessoas do mundo inteiro que se reunem para expor ideias e impressões sobre o mundo em que a gente vive hoje."    ~ YouPIX

Não foi dessa vez que fui (continua nos planos!), mas maridón Bruno Peixoto foi até lá e, desde então, a gente vem conversando bastante sobre o que isso significa pra nós, pessoas criativas. Essa semana também mergulhei em várias palestras e tô conseguindo me conectar com esse clima, mesmo de longe…

Você sabia que as palestras publicadas no YouTube do festival (mais de 100) tem tradução simultânea para o português? É só mudar a trilha de áudio…

Enfim, achei legal trazer essa conversa pra cá também e te incluir no rolê! Pra quem não sabe, Bruno também é artista e criativo, gente como a gente, e vive as mesmas questões, desejos e anseios de uma típica cabecinha criativa!

Então, pra começar essa nossa conversa aqui, eu encomendei um áudio pra você, em que ele conta o que achou de mais legal do festival e como isso pode impactar as nossas vidas. Se preferir, dá o play quando for lavar aquela louça que anda acumulando na pia.

Em resumo (pra quem não puder escutar o áudio agora):

  • Vale a pena ver a palestra da Amy Web, uma das mais aguardadas e comentadas do festival, entra ano e sai ano.

  • Ela faz um apanhado de diversas tecnologias, tendências e cenários que podem nos deixar com cabelo em pé, mas também podem nos deixar maravilhados com o futuro.

  • Pros cabeçudos, dá pra baixar um super report de tendências, gratuitamente, ao final da palestra.

  • Geração T, é como ela chama a todos nós que vivemos no agora, independente da idade: T de transição.

  • Atenção ao novo acrônimo que sumariza como estamos nos sentindo diante de todas essas mudanças: FUD. F de fear → medo, U de uncertainty → incerteza, e D de doubt → dúvida. Se você se sente assim, não está sozinha.

  • Bruno recomendou também a palestra da Brené Brown, com Esther Perel, onde elas falam de outro tipo de IA: ‘intimidade artificial’.

  • Sobre como estamos cada vez mais sós, mesmo que perto, numa solidão moderna mascarada de conectividade.

  • Que estamos vivendo uma ‘perda ambígua’, que é a sensação de luto, mesmo quando uma pessoa está presente (alou telas e smartphones).

  • E como alguém já metrificou: nosso dedo corre uma maratona em um ano passando no feed (pois é, esse dado me assustou).


    Palavras do Bruno: como um artista, esses temas são os que mais me tocam, me incomodam, me impulsionam a criar coisas e a pensar os nossos tempos…

Pois é. Tendências são legais, mas mais legal ainda são essas camadas mais profundas, aquelas que falam desse fator humano. As sensibilidades dos Zeitgest cultural, as filigranas, o não dito. E como isso nos toca, nos assusta, nos incomoda e nos impulsiona a criar! Lembre disso: podemos nos conectar ao Zeitgest para ir junto dele ou para criar, numa contra-corrente. Tá insatisfeito a respeito do caminho pra onde o mundo aponta? Fale disso pro mundo, através da sua arte e criatividade.

Já numa outra nota, ainda sobre o festival, PRECISO te recomendar também a palestra do Jack Conte, The Death of the Follower. Se você só puder assistir uma, assista essa. Em uma hora de palestra, ele conseguiu resumir e explicar toda uma insatisfação pessoal minha com o mundo da Internet hoje, mostrando que essa sensacão (sei que não estou sozinha), está generalizada entre os criativos.

Ele falou como mudanças de direção nas plataformas estão matando a ideia do seguidor (um aparato tão importante pra nós artistas e criativos) e como há saída (essa é a melhor parte). E eu tenho apontado esses caminhos não é de hoje e fiquei feliz de ter minhas próprias ideias validadas através da fala dele. Se você assistir, me conta? Quero saber se a palestra te serviu tanto quanto a mim!

E, agora, sim, vamos às tendências que a minha anteninha pessoal pegou do festival (ao assistir várias palestras, ler artigos e estudar o line up):

  1. Como artistas e criativos, a gente tende a ficar muito assustado com o que está por vir. Faz parte. Mas já parou pra pensar como essas tecnologias vão moldar o que criamos no futuro? Como as ferramentas ditam as criações dos tempos e que, com a gente, não vai ser diferente? O que se poderá criar com o que está por vir? Ao invés de só pensar no que vai morrer, podemos pensar também no que vai nascer… 

  2. A criatividade continua em alta, claro, mas com o crescimento das inteligências artificiais, a criatividade autêntica valerá mais. Num futuro próximo, valorizaremos aquilo que é nitidamente humano (já que a criatividade está deixando de ser..). Autenticidade e humanidade continuam sendo moedas do futuro.

  3. O medo é geral, estamos todos assustados. Mais uma razão pra cuidar de dentro. Resiliência emocional continua sendo comportamento essencial pra navegar o futuro. Como cuidamos na nossa mente, como nos acalmamos internamente, como nos manteremos centrados, diante de todo esse caos. A pergunta é: o que está no meu controle? Qual é a minha agência diante disso tudo?

  4. Já está mais do que claro que os modelos de inteligência artificial (de linguagem ou de ação) vão fazer parte integral da nossa forma de trabalhar. A pergunta que não quer calar: como vamos usar isso? Pra trabalhar mais ou pra viver mais?

  5. Vi muita gente (incluindo a Amy Webb) falando de interconectividade entre mundos. Pensa comigo: se mundos se conectam, o multipotencial será cada vez mais necessário. Precisaremos de profissionais que navegam mundos, explicam mundos e conectam mundos.

  6. Diante de tantas experiências de tela e de imersão (vide Vision Pro e Metaverso), o risco passa a ser o da dissociação. Vamos viver um futuro onde não estaremos mais presentes no nosso corpo? Voltar pro corpo passa a ser um imperativo. Isso significa buscar experiências nas quais o corpo é veículo real de conexão: encontros presenciais, atividades sensoriais, práticas corporais vão nos salvar desse futuro distópico.

  7. Ser pequeno é legal. Em função da internet e das novas tecnologias, cada vez mais, pequeno (em tamanho) não precisa ser pequeno em impacto. Veja o próprio exemplo da empresa da Amy Webb, o Future Today Institute. Uma empresa de 23 pessoas que tem um impacto gigantesco no mundo. Aquilo que ela estuda e fala tem o potencial de impactar milhares e milhares de pessoas, graças, ainda, à internet. Não é preciso ser grande pra impactar grande, com uma ferramenta como a web.

  8. Diversificação de receitas continua sendo o caminho para criadores. Há uma infinidade de jeitos de pessoas criativas ganharem dinheiro (e essas possibilidades só aumentam). Organizar o seu modelo de negócio significa não depender apenas de um jeito de ganhar dindin, especialmente se o seu grande trabalho for o de cultivar uma comunidade. Se há comunidade, há sustentabilidade.

  9. O que me leva ao último ponto, da fala o Jack Conte: se as plataformas conhecidas (Instagram, TikTik, Youtube) estão matando a figura do seguidor (vide o TikTok e seu For You feed), precisamos ir para lugares onde essa conexão real aconteça. Continuar usando as mídias sociais sim para fazer o nosso trabalho chegar em mais gente, mas ter o nosso cantinho pronto pra conversas mais profundas (essa newsletter é um dos meus). Não terceirize a conexão com a sua audiência pras mídias sociais, elas deixaram de ser boas nisso.


    É isso! Espero que essa edição tenha te abastecido de muitos insights pra sua criação e pro seu trabalho. E lembra disso (foi o Jack que falou na palestra dele, mas repito): a conexão real entre criativos e suas comunidades é algo muito legal pra morrer. Tem saída!

Avante!

Psiu 1: me conta o que achou dessa edição? Tô no início desse processo, reencontrando minha voz e brincando com formatos… então é super importante saber… se você marcar que não curtiu, tome um tempinho pra me dizer porque. Isso ajuda demais.

O que achou dessa edição?

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Psiu 2: sei que é pedir muito, mas vou tentar… os únicos comentários que ficam visíveis são os que vão direto no post. Meu sonho é que esse espaço se torne uma comunidade, com trocas reais entre todo mundo que faz parte (não só de mim pra você). Pra isso, os comentários precisam estar no post, aqui ó: deixar seu comentário na versão web.

Beijos,

Rafaela Cappai

Imagem da capa por Karthik Srinivas.

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