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- Se expor ou não se expor, eis a questão! - Parte 2
Se expor ou não se expor, eis a questão! - Parte 2
Nem todo mundo precisa virar "blogueirinha"?
Nessa edição, em 5 minutos: um mini-guia prático para decidir até onde você está disposta a ir quando o assunto é exposição, compartilhamento e divulgação no seu trabalho (e sua vida) na Internet.
O que tem aqui hoje (clique pra ir direto):
Graças à internet, todo artista pode ter uma galeria, todo escritor um público leitor e todo músico uma audiência.
Falamos sobre as dores e delícias da possibilidade de estar na Internet compartilhando seu conhecimento e conteúdo. Vê só o que a Renata e a Sarita disseram… se você não leu ainda, vale a pena!
Mas antes, um pequeno resumo, pra você avaliar quais desses pontos positivos e negativos tem influência sobre sua a sua presença nas mídias siciais.
DELÍCIAS
| DORES
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Já essa semana, como prometido, trago apontamentos práticos pra você que está em dúvida sobre compartilhar sua vida e/ou trabalho nas Internês, decidir, de maneira mais acertada, sobre estar ou não nas mídias sociais.
Já adianto: não é uma questão fácil. É um assunto complexo, com o qual eu mesma me debato há anos, desde quando a produção de conteúdo contribuiu pro meu burnout, lá em 2016. De lá pra cá, o contexto foi se agravando e só dificultando ainda mais essa decisão. Já adianto também que não tenho a pretensão de esgotar aqui esse tema, mas acho que posso te ajudar a clarear os caminhos e escolhas.
Três coisas motivam pessoas criativas: autonomia, maestria e propósito!
Critérios antes de escolhas.
E é por isso que precisamos entender esses critérios, antes de fazer escolhas. E olhar pra nossa própria vida e objetivos nos ajuda a facilitar essa decisão. Ao invés de deixar que alguém tome essa decisão pra gente, gerar autonomia, afinal de contas, estar na Internet tem mesmo a potencial de impactar a sua vida, pro bem e/ou pro mal.
Se você é um(a) criativa(o), eu acredito que existem alguns critérios (ou perguntas) que você pode se fazer antes de decidir se quer ou não mergulhar (ou continuar) nesse rolê. Claro que existem várias outras nuances que podem ser exploradas, mas nessas, acredito eu, já residem os principais conflitos que nos afligem.
Motivação pessoal - Você tem vontade de mostrar o seu trabalho e/ou torná-lo mais conhecido? Existe uma motivação pessoal intrínseca ou você apenas foi “compelida” a fazê-lo, por que é o que todo mundo anda fazendo?
Sustentabilidade financeira - Sua manutenção financeira depende de você estar na Internet/mídias sociais? A maneira como você ganha dindin hoje depende da produção de conteúdo? O seu modelo de negócio ou carreira exige que você esteja na Internet e mídias sociais? Você é (ou quer ser) um creator/influencer? Ou seja, quando o seu próprio trabalho passa a ser estar na Internet e nas mídias sociais?
Saúde física e mental - Você já avaliou os impactos que estar na Internet e mídias sociais podem causar na sua saúde física e mental? Talvez já os tenha sentido, inclusive? Você tem arcabouço pra lidar com as consequências, caso aconteçam? Pense em mais horas de trabalho, mais interessados, clientes, mais reconhecimento e também mais exposição, mais trabalho e mais críticas.
Personalidade e estilo de vida - Você já se perguntou se sua personalidade ou estilo de vida são compatíveis com a Internet e as mídias sociais? O que você estaria disposta a mudar? O que não quer perder de maneira alguma? Onde você desenha a linha?
Recursos - Que recursos, como tempo e ferramentas, você tem à sua disposição pra te ajudar nessa tarefa? Você está disposta a dedicar tempo, energia e até mesmo dindin pra investir nisso?
Vida e imagem pessoal - Você quer compartilhar sua vida pessoal? Existe um desejo de usar sua vida pessoal como parte da sua narrativa? Você quer mostrar sua figura. Você quer usar seu rosto e sua imagem pessoal nesse processo? Lembrando que existem jeitos de estar na Internet sem depender disso.
Objetivos pessoais e profissionais - Você sabe exatamente quais são seus objetivos, pessoais ou profissionais, pra estar na Internet? O que você quer com isso, exatamente? Aonde planeja chegar? Ques modelos vêm a sua mente quando você pensa em estar na Internet? Que tipos de conteúdos? Em que canais você se vê atuando?
Exemplos de perfis.
Jóia, agora que tiramos esses critérios da frente, avaliaremos alguns possíveis perfis de atuação na Internet. Ao invés de caixinhas, pense nesses perfis como alguns possíveis caminhos moldáveis, que podem se adaptar às suas próprias necessidades e vontades. Isso é o mais importante!
Exemplo 1 - Não paga as contas e não quero!
Seu trabalho não depende de exposição para fazer marketing ou branding e trazer autoridade e relevância e você não quer se expor ou compartilhar o que faz ou sabe. Pode ignorar completamente a necessidade de estar na internet ou nas mídias sociais, já que isso não é um requisito básico pra sua sobrevivência, ou expressão criativa, pelo menos, por hora. Ainda, sim, você pode se dedicar a um hobby criativo no seu tempo livre. Lembre-se: expressão criativa não é sinônimo de produção de conteúdo. Pode ser que você seja um profissional CLT, tenha um negócio como investidor imobiliário, é um pesquisador universitário de carreira ou é o Wagner Moura (se não entendeu, leia a parte 1).
Exemplo 2 - Não paga as contas, mas eu quero!
Seu trabalho não depende de exposição para fazer marketing ou branding e trazer autoridade e relevância (apesar de que pode ajudar), mas você quer expressar o que faz criativamente na Internet e/ou mídias sociais. Você tem desejo de se conectar com mais pessoas através do que faz. Se trata mais, então, de um desejo de compartilhar sua arte ou criatividade e isso significa que você não precisa ter um comprometimento tão grande com o que querem os algorítimos e os ritmos pautados por eles (mas isso pode mudar ao longo do processo, claro). Significa também que você precisará ajustar suas expectativas quanto a crescimento e alcance do que expõe. Você pode se beneficiar de estar na Internet em espaços mais sustentáveis, tipo ter um site, um blog, um Medium, um Substack, um perfil no Behance ou Linkedin, dependendo da natureza do que cria. Pode até também se aventurar nas mídias sociais mais esquentadinhas, como Insta e TikTok, mas precisa tomar cuidado para não ser sugado pelo vórtex algorítmico ou o rolê da comparação. O seu principal desafio será a gestão de tempo e de motivação, já que você tem outro trampo, como um trabalho CLT ou PJ fixo, que te garante a sustentabilidade financeira, mas não dá vazão a todos os seus desejos criativos.
Exemplo 3 - Estar na Internet é essencial pro meu negócio ou me ajuda a ganhar (mais) dindin, mas eu não quero (mais) de jeito nenhum.
Você já sabe que estar na Internet é essencial pra fazer seus dinheiros, ou contribuiria muito pra isso acontecer e te trazer mais autoridade e relevância, mas você não quer, de maneira alguma, exposição. Pode ser que você já tenha feito isso no passado e tenha esgotado todas as suas fichas ou é algo totalmente incompatível com a sua personalidade e estilo de vida atuais. Isso significa que você precisará pensar de forma estratégica. Ou para migrar para um modelo de trabalho que não exija estar na Internet ou mídias sociais, ou ter um marketing e branding totalmente descolados da sua marca e imagem pessoais, o que te permitiria contratar pessoas para isso. O maior desafio aqui, caso você já esteve na Internet, será gestar essa mudança de carreira ou de modelo de negócio. Pode ser que você já tenha atuado como creator ou influencer e cansou. Ou, então, nunca esteve: o que te permitirá começar de um jeito que não dependa da sua presença pessoal por lá.
Exemplo 4 - Estar na Internet me ajuda a ganhar dindin, mas meu modelo de negócio ou carreira permite ser low profile.
Você tem um modelo de carreira ou negócio que pode se beneficiar por estar na Internet ou nas mídias sociais, trazendo mais relevância e clientes, mas não precisa de um super volume de presença e/ou exposição. Talvez nem conteúdo você precise criar. Você pode escolher espaços digitais mais estáveis, que não dependam enormemente de algorítimos e da periodicidade super frequente de presença e postagem, nem volume. Só de ter uma casinha pro seu trabalho, um lugar onde você pode apresentar o que faz, com um branding bem desenhadinho, você já se beneficia. Imagina, por exemplo, ter um site onde o seu trabalho é exposto, um perfil estático no Instagram (que traz seriedade pra quem te busca), e/ou um perfil no Linkedin onde você compartilha as suas vitórias de carreira e faz networking. Aqui, se você curte escrever, cabe até uma newsletter de periodicidade bem leve no Substack, por exemplo. Pense em um prestador de serviços, como um designer ou videomaker, com um modelo de trabalho que não demanda tanto volume e exposição e pode se sustentar através de outras formas de marketing e exposição, como recomendações, por exemplo.
Exemplo 5 - Sou creator, mas quero calmaria!
Você tem um modelo de negócios que te coloca na categoria de creator. Ou seja, criar conteúdo é o que você faz. Pode ser que seja seu trabalho principal ou pode ser que seja parte dele, mas estar na Internet é o que você faz e é como construiu seu modelo de trabalho e divulgação. Nesse caso, você pode adotar uma produção de conteúdo que chamamos de slow content, ou seja, focar muito mais na qualidade dessa produção, do que na quantidade de conteúdos. Você também terá que ajustar suas expectativas, uma vez que está indo contra o que as plataformas esperam de você. Nesse caso, você se beneficiará mais de plataformas que permitam mais aprofundamento, como Youtube, Substack ou podcast, por exemplo. Linkedin funciona muito bem também pra esse perfil. Pode até se aventurar por Insta e Tiktok, mas os mesmos riscos já falados entram em questão. E o ajuste de exectativas também, já que é bem difícil estar nessas palataformas com uma produção slow, sem se achar inadequado ou insuficiente. Haja inteligêncioa emocional! Imagine aqui que você é uma ilustradora, uma tatuadora, uma terapeuta ou qualquer outra profissão, além de creator. Lembrando que sua produção de conteúdo pode, ou não, incluir sua vida e imagem pessoal.
Exemplo 6 - Sou creator e quero e/ou tolero intensidade!
Você tem um modelo de negócios que te coloca na categoria de creator e você tem sangue no olho e quer alcance, presença e intensidade! Centenas de milhares de seguidores (ou milhões) é o seu objetivo. Você terá que estar em muitas plataformas ao mesmo tempo, poderá usar a mágica do reaproveitamento de conteúdo e, possivelmente, precisará ter uma equipe te ajudando a dar volume e entrega à sua produção. A terapia vai precisar estar em dia. Não que com outros perfis não seja necessário, mas aqui a grande dificuldade será equilibrar essa produção com qualidade de vida e saúde mental. Não que não seja possível esse equilíbrio, mas o buraco é bem emabaixo… e aqui, é mais fácil encontrar essa escala quando você aparece pra sua audiência mas, de novo, não é uma obrigatoriedade. Pense num creator que ganha dinheiro, prioritariamente, através da Internet.
A coisa mais importante!
Como eu falei, não consigo esgotar todos os modelos, pois existem muitas variáveis. O mais importante que você precisa lembrar é que esse baralho pode ser organizado de muito jeitos diferentes. Só porque fulano faz do jeito A, não siginifica que você precisa fazer do mesmo jeito. De alguma maneira, nos últimos anos, a gente associou estar na Internet à produzir conteúdo raso, todo dia, falando e mostrando sua vida, do seu café da manhã à consistência do seu coco. Esse não é o único modelo disponível.
Essa escala tem muitos tons de cinza e você pode, e deve, escolher aquele que mais se adequa à sua personalidade, identidade criativa, estilo de vida, modelo de trabalho, momento de vida e objetivos e expectativas!
Você pode escolher o que quer mostrar, como e porquê mostrar. E pode até escolher não mostrar, se isso fizer mais sentido pro seu modelo de trabalho. Lembra disso quando for desenhar seu modelo de trabalho e atuacão (ou não), na Internet e mídias sociais:
Nem toda expressão criativa se resume à criação de conteúdo na Internet.
Nem todo modelo de trabalho/carreira precisa estar na Internet.
Estar na Internet é diferente de estar nas mídias sociais.
Estar na Internet nem sempre quer dizer criar conteúdo.
Nem toda mídia social é igual.
Nem toda produção de conteúdo precisa obedecer aos algorítimos.
Nem toda presença nas mídias sociais precisa ser pessoalizada.
Nem sempre sua presença pessoal precisa ser através da sua imagem pessoal.
Nem todo creator precisa ser blogueirinha.
Enfim, o que você pensa disso tudo, me conta? Se identificou com alguns desses perfis? Algum outro perfil que não fez parte, mas que você se reconhece? Esse mini guia te ajudou a esclarecer melhor sua posição? Deixa seu comentário pra mim?
Espero ter ajudado!
Beijos,
Rafaela Cappai
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